Quando eu comecei esse blog em 2005, eu morava na casa de praia da minha família. Era um arranjo que particularmente me desagradava muito, pois por maior e mais confortável que fosse, não era um espaço sobre o qual eu tivesse qualquer poder de decisão.
De lá, fui para uma casinha em BH, e depois para uma casinha maior, no mesmo pátio de casinhas. Era meio parecido com a vila do Chaves, sendo que o chão era igual. Lá eu comecei a organizar a minha domesticidade, e a ter um olhar sobre como queria que meu espaço pessoal fosse.
Voltei a morar sozinha em 2012, logo que passei para o concurso aqui na repartição. Eu vim morar próximo ao trabalho, num apartamento de 2 quartos que foi a minha casa até novembro de 2020.
A pandemia demonstrou o óbvio: a casa era pequena demais para dois adultos que passariam a maior parte das horas nela. E também o declínio daquele imóvel um pouco mais antigo se aprofundava.
Quem achou o imóvel atual foi o meu namorado: minha auto-estima me impedia de me ver morando naquele prédio todo bacana, com piscina e salão de festas bonito, elevador. Tinha até papel de parede na sala!
Mas acabou que era possível para nós, e com relativa facilidade, fizemos a mudança. Estar perto ajudou, minha mãe veio dar o seu toque mágico, e a casa veio com móveis planejados nos quartos, banheiros e cozinha.
Coube a mim montar um cantinho de estudo e trabalho no closet, encaixando uma escrivaninha e um tapete no meio dos armários. Arrancamos (temporariamente) uma das portas, e assim, eu transformei os nichos em estantes, o que ficou ótimo.
O espaço é acanhado e a área da escrivaninha ficou pequena demais para que eu consiga estudar nela, mas eventualmente eu tento fazer algumas atividades ali. E ontem, eu decidi experimentar a brincadeira de arrumar os livros por cores, pela primeira vez na minha vida.
Eu nunca arrumara meus livros antes; na realidade, eu gosto de ficar bem perto deles, e de estar sempre cercada pelos livros. Assim, eu vivo num caos de livros por cima de todas as superfícies de todos os cômodos, o que gera uma certa insatisfação no meu cônjuge.
Ele definitivamente, não considera que eu precise tanto assim dessa proximidade física que eu imponho com meus livros.
Ontem, domingo à tarde, isolada em casa. Ele no escritório dele, trabalhando. Decidi que era um dia bom para ajeitar o meu cantinho, e comecei justamente por esse detalhe: a estante de livros.
Eu sabia que queria dar bastante destaque aos azuis e verdes, e fui ajeitando. Comecei pelas lombadas azuis, achei que cabia o branco do lado. Mas aí fui modificando, conforme o espaço (e a descoberta de que a maioria dos meus livros tem lombada preta, ou amarelo claro, tipo um bege). Tenho poucos vermelhos.
Aproveitei e separei alguns, que quero trocar no sebo. Gostei de lê-los, mas já podem ir para outra casa. E assim eu sigo lendo coisas que me interessam, principalmente aqueles romances de qualidade duvidosa, sem gastar dinheiro demais com isso. Eu achei uma boa tática.
Foi ótimo também para colocar em perspectiva os meus projetos literários (que são muitos, muitos mesmo). Relembrei os tesouros que possuo, guardados na minha estante de casa, e que precisam urgentemente ser lidos.
Isso fez com que eu renovasse o meu cronograma de estudos, sempre tão intenso e maior do que de fato posso conseguir realizar. Novos planos, com os recursos que existem.
Foi uma pequena e simples mudança no ambiente, sem utilizar um único recurso de fora. Esses livros já estavam lá em casa, nessa mesma estante, e eu não via como eles poderiam estar.
Espero que essa historinha sirva de inspiração para quem tem um punhado de coisas bonitas em casa, mas não sabe muito bem como fazer para torná-las evidentes.