Monday, March 29, 2021

Minha nova estante de livros



Quando eu comecei esse blog em 2005, eu morava na casa de praia da minha família. Era um arranjo que particularmente me desagradava muito, pois por maior e mais confortável que fosse, não era um espaço sobre o qual eu tivesse qualquer poder de decisão.

De lá, fui para uma casinha em BH, e depois para uma casinha maior, no mesmo pátio de casinhas. Era meio parecido com a vila do Chaves, sendo que o chão era igual. Lá eu comecei a organizar a minha domesticidade, e a ter um olhar sobre como queria que meu espaço pessoal fosse.

Voltei a morar sozinha em 2012, logo que passei para o concurso aqui na repartição. Eu vim morar próximo ao trabalho, num apartamento de 2 quartos que foi a minha casa até novembro de 2020.

A pandemia demonstrou o óbvio: a casa era pequena demais para dois adultos que passariam a maior parte das horas nela. E também o declínio daquele imóvel um pouco mais antigo se aprofundava.

Quem achou o imóvel atual foi o meu namorado: minha auto-estima me impedia de me ver morando naquele prédio todo bacana, com piscina e salão de festas bonito, elevador. Tinha até papel de parede na sala!

Mas acabou que era possível para nós, e com relativa facilidade, fizemos a mudança. Estar perto ajudou, minha mãe veio dar o seu toque mágico, e a casa veio com móveis planejados nos quartos, banheiros e cozinha.

Coube a mim montar um cantinho de estudo e trabalho no closet, encaixando uma escrivaninha e um tapete no meio dos armários. Arrancamos (temporariamente) uma das portas, e assim, eu transformei os nichos em estantes, o que ficou ótimo.

O espaço é acanhado e a área da escrivaninha ficou pequena demais para que eu consiga estudar nela, mas eventualmente eu tento fazer algumas atividades ali. E ontem, eu decidi experimentar a brincadeira de arrumar os livros por cores, pela primeira vez na minha vida.

Eu nunca arrumara meus livros antes; na realidade, eu gosto de ficar bem perto deles, e de estar sempre cercada pelos livros. Assim, eu vivo num caos de livros por cima de todas as superfícies de todos os cômodos, o que gera uma certa insatisfação no meu cônjuge.

Ele definitivamente, não considera que eu precise tanto assim dessa proximidade física que eu imponho com meus livros. 

Ontem, domingo à tarde, isolada em casa. Ele no escritório dele, trabalhando. Decidi que era um dia bom para ajeitar o meu cantinho, e comecei justamente por esse detalhe: a estante de livros.

Eu sabia que queria dar bastante destaque aos azuis e verdes, e fui ajeitando. Comecei pelas lombadas azuis, achei que cabia o branco do lado. Mas aí fui modificando, conforme o espaço (e a descoberta de que a maioria dos meus livros tem lombada preta, ou amarelo claro, tipo um bege). Tenho poucos vermelhos.

Aproveitei e separei alguns, que quero trocar no sebo. Gostei de lê-los, mas já podem ir para outra casa. E assim eu sigo lendo coisas que me interessam, principalmente aqueles romances de qualidade duvidosa, sem gastar dinheiro demais com isso. Eu achei uma boa tática. 

Foi ótimo também para colocar em perspectiva os meus projetos literários (que são muitos, muitos mesmo). Relembrei os tesouros que possuo, guardados na minha estante de casa, e que precisam urgentemente ser lidos.

Isso fez com que eu renovasse o meu cronograma de estudos, sempre tão intenso e maior do que de fato posso conseguir realizar. Novos planos, com os recursos que existem.

Foi uma pequena e simples mudança no ambiente, sem utilizar um único recurso de fora. Esses livros já estavam lá em casa, nessa mesma estante, e eu não via como eles poderiam estar. 

Espero que essa historinha sirva de inspiração para quem tem um punhado de coisas bonitas em casa, mas não sabe muito bem como fazer para torná-las evidentes.


Tuesday, February 23, 2021

Meu retiro de meditação em silêncio

Há anos eu estou convencida dos benefícios da meditação para a mente e para o corpo. 

Vim tentando através do que lia a respeito, em sites da internet, praticar o foco na respiração, praticar alguns exercícios respiratórios, e com o advento dos aplicativos de meditação, baixei alguns e também utilizei.

Mas aquilo não virava uma prática consistente, e eu achava tudo muito frustrante. A minha mente não pára quieta em lugar nenhum, e isso me deixa(va) enlouquecida.

Daí que na virada de 2020 pra 2021, eu tinha um plano de fazer um retiro de yoga ou coisa parecida, num lugar aqui no Brasil mesmo, onde eu pudesse ir me acostumando com a rotina austera de um ashram.

Afinal, se eu estou me formando terapeuta ayurveda, eu vou querer conhecer a Índia e alguns dos locais mais importantes para estudar lá. E tudo o que leio a respeito é sobre a diferença da rotina, o quão sofrido é a alimentação para os ocidentais, e não queria chegar muito virjona.

Então finalmente decidi tirar o escorpião do bolso e pagar a inscrição de um retiro de meditação, com duração de 5 dias e totalmente em silêncio.

Talvez o que mais tenha feito eu querer participar, foi o fato de ser em silêncio.

Foi agora em janeiro, na cidade de Campo Alegre/SC. O ashram é um verdadeiro paraíso na terra, todo cheio de jardins, ambientes claros e aconchegantes, tudo muito cheio de ordem e de limpeza. 

Esse pequeno altar ficava diante das nossas aulas teóricas.



Cheguei numa quarta-feira de manhã, me instalei num quarto totalmente simples, mas equipado com ar-condicionado, tela contra mosquitos e luzinhas individuais nas camas, usando os chinelinhos que estão sempre disponíveis a cada cômodo que você vá entrar.

O retiro começou, com aulas teóricas em que ainda falávamos, durante o primeiro dia. A rotina era acordar 6h da manhã com o sino, 6h30 meditar pela primeira vez. 7h fazíamos aula de yoga, 8h tomávamos o desjejum e iniciávamos as aulas teóricas 9h30. 11h tínhamos pausa, e meditação até 12h. Almoço, 14h tinha uma prática meditativa (em que ganhávamos um texto, e praticávamos os pensamentos ali propostos), e 15h30 recomeçava a aula. 16h30 tinha lanche, 18h tinha mais meditação. 18h30 tinha jantar, e 20h tínhamos a última meditação do dia, essa cantada - entoávamos um mantra de purificação budista.



A alimentação era vegetariana estrita, e absolutamente deliciosa, em todos os momentos. Trouxe muitas ideias para casa, de como inserir esse hábito de não comer carne. A rotina, previsível e tranquila, me fez bem como há anos não sentia. Os horários estavam ali com tudo já estabelecido, as pessoas todas seguindo o mesmo ritmo, tudo isso foi de uma singeleza tocante para mim.

Essas águas aromatizadas, cada dia de um sabor, combinavam com a prática do dia.



Não havia sinal de celular quase nunca. Isso também ajudou a garantir que não ficariam chegando "inputs" de fora, e tirando dois telefonemas para o meu namorado, passei o resto do tempo completamente sem contato com o mundo lá de fora.

Achei que sentiria falta, mas a verdade é que nem liguei muito.

Sobre o processo em si, é absurdamente doloroso em todos os sentidos. Nenhuma fibra dos músculos das minhas costas passou ileso por essa experiência. Tentar se manter na postura é um desafio quase tão grande quanto domar a mente. Se nem meu corpo consegue parar quieto, o que dizer da mente? 

Thousands of Budas pelos jardins. Fotografei essas costas retinhas, por desejo de um dia ter as minhas assim.



Voltei em situações tão antigas, que considerava esquecidas. Lembranças de quando eu era criança, de quando era adolescente, foram tão presentes que até me assustei - é como se a vida adulta não fosse tão relevante no contar da minha biografia.

Como eu posso ser uma adulta madura, com clareza nos pensamentos e sentimentos, se fico o tempo todo retomando as minhas histórias de tempos tão antigos?

Nossa professora, Laura, é uma força da natureza como poucas vezes já vi em pessoa: meditadora, budista e yogue há mais de 40 anos, ela vive o que nos ensina, todos os dias da vida dela. Ali senti um horizonte a mirar, algo que quero para mim: não a vida dela, que fique claro, mas uma vida dedicada àquilo que realmente faz sentido para ela. 

Lá pelo terceiro dia, me deu um bode supremo, um desgosto de ainda estar lá, me sentia saturada pela rotina, massacrada pelas dores nas costas e pela frustração de não conseguir nunca deixar a mente quieta. Nesse dia eu cogitei ir embora. Saí furiosa, em busca de algum motivo que eu pudesse usar para justificar o meu desejo de sair de lá, e já estava, como todo ex-BBB, preparando o discurso da saída: "o que importa é as vivências que tive aqui e levarei comigo...".



Só que algo muito curioso aconteceu, logo depois dessa decisão. Eu vi que eu só estava muito frustrada, cansada, sob pressão, e que embora eu pudesse ir embora, eu não queria de fato ir embora. Eu só queria relaxar e aproveitar um pouco mais. 

Naquele dia, rolou uma meditação caminhada, que eu não participei pois estava com uma enxaqueca incapacitante. Eu jejuei na hora do almoço, dormi bastante, e quando acordei, me senti melhor. Voltei a participar das aulas, das práticas, depois de um intervalo de cerca de 3h. Não falei mais em ir embora - e no dia de realmente ir embora, eu não queria mais ir!





Ficar em silêncio foi incrível, delicioso. Não me importei nem um pouco. Claro que seria legal ter um pouco mais de amizade com meus colegas de grupo, mas pelo menos assim estávamos totalmente focados no assunto. 

Ao voltar para casa, me comprometi num certo horário e técnica meditativa (dentre as várias que experimentei) e fui fazendo. Falhei em alguns momentos, deixei passarem alguns dias sem meditar. Mas já tem um tempo que me reafirmei compromissada.

Ainda tenho uma vida inteira pela frente para evoluir no meditar. Mas uma coisa que minha professora comentou, é que veríamos a diferença em nossas vidas, pelo fato de estarmos meditando, mesmo que a prática não parecesse estar evoluindo.

Para variar, ela tem toda razão. Eu já vejo uma diferença brutal entre meus dias meditados ou não meditados!

Se alguém quiser bisbilhotar um pouco mais, clique aqui que você vai para o site do Chacarananda Ashram, onde eu fiz o meu retiro. Tem muitos eventos, e dá vontade de fazer todos!

Monday, February 22, 2021

A boa filha está na casa.




Quando fiz 25 anos, eu morava em Balneário Camboriú e trabalhava como Assistente Social em Itajaí. Saí desse emprego por amor; ia morar com meu ex numa cidade onde já tinha casa e emprego ajeitados.

Me acometeu um medo gigantesco que fez com que eu simplesmente desistisse de ir, praticamente no dia de ir. Inclusive não contei para a moça que me contratou até a manhã em que eu deveria me apresentar (zero saudades da Thaís de 25 anos)...

Por falta de trabalho e até de lugar para ficar, me mudei temporariamente para a casa de meus pais, de onde eu havia saído há 7 anos, naquela altura. Voltar para a casa deles, também significou voltar para minha cidade natal, onde eu não me sentia nada encaixada. Achava tudo muito ruim, aliás.

Então eu ficava dizendo assim: pois é, estou passando um tempo aqui, mas é como um intervalo, pois vou atuar no projeto XYZ... Eu tinha uma certa vergonha em reconhecer que não tinha onde morar.

Eis que hoje chegou no meu e-mail a notificação de que meu outro blogue, o que fiz com domínio e hospedagem próprios, layout personalizado e tudo o mais, havia vencido o plano e eu não poderia mais resgatá-lo. Claro que eles são boas pessoas e por 48 dólares (que no Brasil de hoje custa R$5,33 cada) ey recuperaria tudo.

Confesso que quis fazer isso, para recuperar as postagens que amei escrever lá. Tem as viagens recentes que havia feito pré-pandemia: minha primeira vez em Nova York, minha primeira vez no Peru. O começo da minha formação em terapeuta ayurveda, o epitáfio do Bibi, que faleceu em julho do ano passado.

Mas pensando melhor, eu acho que gosto mesmo é de ficar por aqui.

Nunca me adaptei realmente à plataforma do wordpress. Sempre achei o título que escolhi meio pomposo, me colocava pressão. O layout já estava cansado, eu queria outras artes, mas não tinha tempo para isso. 

De modos que voltei, e não estou envergonhada nem dizendo que é provisório. Até que varram o salão, eu vou ficar por aqui mesmo, para não deixar de escrever, e para os poucos que restaram da minha dileta audiência terem onde me ler. 

Em breve a gente arruma essa casa, deixa ela com cara de gostosa de novo. Vou passar um café, e puxar uma cadeira para a gente colocar o papo em dia.

Alguém ainda está por aqui?

Thursday, April 19, 2018

O que já apareceu no blogue novo

Dileta audiência!

Confesso que ainda gosto mais de escrever na plataforma do blogger, mas fui convencida de que o wordpress é melhor.

Se é mesmo, não sei - mas estou lá, lutando para me ambientar naquele cantinho.

E tenho postado de vez em quando, e para não perder ninguém que por ventura ainda venha aqui, estou compilando o que rolou por lá nos últimos meses:






Vamos para lá?


Monday, February 26, 2018

Uma novidade - a transição iniciando

Dileta audiência,


criei esse blogue aqui em finais de 2005, e desde então, já passei por muitas fases para conseguir abrir mão dele assim, como se nada fosse.
Mas há tempos vinha sonhando com a ideia de produzir um conteúdo de fato, coisas que pudessem ajudar um pouco quem lê, enfim, tentar tratar isso com mais seriedade (e criatividade também).
Então convido aos insistentes que ainda restaram por aqui para conhecerem meu novo blogue.
Este aqui, por apego, ainda manterei, mas a tendência é postar cada vez menos, manter mais diarinho, e talvez até fechar - manter somente para leitores convidados.
Ainda estou insatisfeita com o layout, e me batendo muito para entender a interface wordpress, mas aos poucos, tudo se ajeita e seremos felizes por lá também!

Tuesday, February 20, 2018

Que Carnaval esquisito

Para ser mais honesta, que verão horrível! Chove torrencialmente há quase três meses aqui em sonífera ilha e adjacências. Tive 10 dias de recesso no final do ano, totalizando UM DIA DE PRAIA. Um fuckin dia.
Semana após semana, tentei me deslocar para pegar uma praia, uma piscina, e a chuva e as nuvens não paravam. 
Janeiro foi embora e não levou a chuva junto. Aí eu tive (novamente) 5 dias INTEIROS de recesso, e o Sol sequer deu as caras.
Comprei um vestido de tule. Coloquei o namorado artesão para confeccionar o meu adereço de cabeça (uma meia-lua toda cintilante). Tirei os glitter tudo para fora e ainda comprei uma orelha de gato.
Tudo isso, Brasil, para ter chovido e ficado nublado absolutamente TODOS OS DIAS DO FERIADO. Na terça-feira estava até frio!
A coisa mais incrível do Carnaval, para mim, são as fantasias. É poder brincar com os adereços, e principalmente, as maquiagens. Passo semanas me preparando, assistindo tutoriais, e procurando acessórios nas lojinhas do centro.
Amo a decoração de rua, amo estar na rua (não lembro de, depois de adulta, ter frequentado algum baile fechado), e saio do final da festa de alma tão renovada quanto se tivesse ido a um retiro de yoga. Não que eu já tenha ido a algum retiro de yoga, mas vocês entenderam o que quis dizer. 
Minha frustração está sem limites hoje! Quero meu verão de volta!

Thursday, February 15, 2018

A jornada da aceitação

Ontem, em minha sessão com A Analista, relatei uma série de histórias antigas a meu respeito, cuja semelhança entre elas era o fato de eu querer ser de um jeito, mas não ser - ser outra pessoa.
Em janeiro de 2006, eu fiz uma viagem para a Bahia, com uma amiga minha. Me apaixonei pela natureza, pelas praias, pela culinária (ensandeci com a diversidade de frutas e temperos), pelo sotaque, pelo jeitinho das pessoas... cheguei mesmo a achar que eu tinha nascido no lugar errado!
E em Porto Seguro, me aventurei a comprar um negócio chamado jetbronze - a pessoa pagava um valor, e levava um jato de óleos (provavelmente urucum e canela) que acelerariam o bronzeado. Para intensificar o processo, ainda fiquei sem filtro solar aquele dia - meu projeto era chegar de volta das férias muito morena (spoiler: isso nunca viria a acontecer em toda a minha vida). De vermelha, passei a descascada, para chegar em Santa Catarina com uma pele novinha, branquinha e sem nem marca de que havia passado dias no nordeste.
Minha amiga havia me alertado de que aquilo não era para mim, mas diante de minha insistência, eu fiz o tal procedimento que em nada resultou. Ela riu MUITO disso, eu nem tanto (devo ter rido só de desespero) e fiquei até um pouco magoada. Na minha cabeça, poderia ter algo lá no Nordeste mágico, uma substância que me coloriria, que retiraria a melanina lá de dentro do meu código genético... Enfim. Não foi daquela vez - ou de nenhuma outra, para ser mais exata.
Durante anos, eu ainda haveria de tentar outros produtos, filtros solares com fator inadequado para minha cor, me queimaria, passaria por insolação, enfim, estaria naquela batalha. Agora, passo diariamente o fator mais alto que consigo no rosto, sempre um FPS30 no corpo, reaplicando prodigamente se entro na água, optando por sombra e pelo horário após as 16h. Com isso, com essa luta vencida, consigo corar um pouquinho - bem pouquinho, para ser exata, em relação aos outros, mas muito em relação a mim.
Assim como esse pequeno fato, eu queria muitas outras coisas: ser pequenina e delicada (sou comprida do pescoço às pontas dos dedos dos pés), ser coordenada, graciosa de movimentos, ser organizada (isso, confesso, veio depois...), ser bonita (num sentido completamente diferente do que posso dizer de mim hoje)...
E ontem, ficamos trabalhando essa percepção do desajuste. Como eu passara anos de vida me abaixando ao lado de minhas amigas, nas fotos, e saindo muito pior do que se, simplesmente, me esticasse de meu tamanho. Sempre caminhei olhando para o chão: até hoje, tenho dificuldade em caminhar com os olhos na altura do horizonte. Como se fosse dificultoso para mim, estar em meu próprio tamanho.
Com o passar dos anos, fui tendo outros desvios, percepções distorcidas de imagem: de que estava mais gorda do que realmente estava, e hoje em dia, preciso lutar comigo constantemente para me lembrar que não estou gorda. Nem mesmo quando (e se) eu engordar 10kg em cima do meu peso atual eu estarei gorda. 
Ainda preciso constantemente me relembrar, quando vejo uma roupa laranjada ficar excelente em outras pessoas, que isso não é necessariamente excelente em mim, tão branquinha e de paleta fria, que detestei cinza a vida toda, mas a verdade é que o cinza me cai imensamente bem. Eu fico muito colorida de cinza, goste ou não.
Quanto mais vou me aceitando, mais vou desabrochando e me aproximando de um ideal de mim mesma meio borrado, que eu passei 33 anos visualizando de maneira separada de mim mesma, e agora, gradativamente, vou ajustando dentro de uma pessoa de verdade. Não a pessoa inventada pelas minhas ilusões de quando mais novinha, a pessoa que já chegou. 
O mais incrível, no entanto, é perceber a dificuldade que tenho em me ambientar aqui dentro da pele que habito, fincar o pé onde estou, me relacionar com a realidade. Me fio naquela máxima de que viver é melhor que sonhar, mas sou uma sonhadora incorrigível. 

Friday, February 09, 2018

Na repartição

Eu sei que eu já havia decidido nunca mais pegar elevador aqui. Mas outro dia, depois de um treino de pernas especialmente massacrante, tive que me utilizar deste para conseguir me locomover, apenas para descer.
Entra comigo um engenheiro, com quem não tenho nenhuma, repetindo: NENHUMA intimidade. Ele sorri para mim, coça um pouco o ouvido e me diz:
- Estou produzindo tanta cera que poderia até abrir uma fábrica de velas!

Sorrio de desespero e saio correndo, assim que o elevador se abre, para chorar no cantinho.

PRA QUE, Brasil?

Wednesday, January 31, 2018

Um novo blogue

Às vezes me dá vontade de criar um novo blogue. Com um projeto de pauta, onde eu fale somente de assuntos mais genéricos, como as minhas receitas, as minhas viagens, dicas que aprendi nesses anos de fuleiragem, para economizar, cuidar de mim, e por aí vai.

Um lugar bonitinho, ajeitadinho, com fotos decentes e textos decentes. Tenho um certo apego, no entanto, ao pensar em tudo que já consolidei aqui de escrita. Mesmo que não seja grandes coisas, tenho muito material aqui publicado. Talvez aqueles que se encaixassem, eu poderia então migrar para lá.

Dizem que o wordpress é bem melhor que o blogger, ferramenta que uso há mais de 10 anos, porque era o que tinha na época. 

O que vocês acham? 

Monday, January 29, 2018

Sobre os exercícios de disciplina da semana

A primeira semana, com motivação, foi que foi uma beleza! A segunda, animada, resolvi continuar com os mesmos exercícios, adicionando outros dois.
Mas aí, tem um negócio muito impressionante que começa a nos puxar, mundialmente convencionado como "zona de conforto", e foi só dar uma mexida, que o corpo pediu homeostase.
No meio da semana, fiz uma viagem rápida, e dali em diante, foi um acontecimento em cima do outro conspirando para que eu cumprisse meus exercícios de maneira irregular e inconstante. Para que minha disciplina ficasse menos nítida, mais difusa.
Porque a minha zona de conforto não é confortável (se é que alguma é). A minha é bagunçada, com coisas acumuladas, com muita tralha, com desejos de ser melhor, mas também muita confusão. Não é aquela zona de conforto metódica, de quem deixa a superfície ao menos organizada. 
E uma das coisas que combinei comigo mesma neste ano, era que eu ficaria muito consciente do que estava sentindo, e mesmo descumprindo o que havia combinado comigo, estive consciente. Conversei intensamente comigo mesma, não me deixei levar sem nem perceber.
O engraçado foi que, ao perceber, eu senti o desmanchar de minha desconfortável zona de conforto. Um hábito seu, que você não goste, só é bom de se manter quando você não percebe, quando ele está te levando de maneira suave. Aquilo que começa a te produzir pequenos choques, que você esbarra, encalha, a correnteza te afoga um pouco... já não é tão bom. 
De modos que, nesta semana, os exercícios da semana que passou estão mantidos. Quero ler o Fausto diariamente, até conclui-lo. E fazer minhas pranchas, e manter minha casa limpa e arrumada. 
Mas tudo bem não ter feito semana passada, porque chega de se depreciar, não é mesmo? Chega de achar que há um fracasso abalando tudo, quando na realidade, não há nada de mais em ter resistência a mudar. Mudar leva tempo, mesmo.
Quanto a comer em casa, quero também, mas essa semana eu tenho alguns programas marcados já. Então quero comer somente em casa, salvo quando meus programas forem sair para comer. 
Por precaução, também, reagendei meu horário com A Analista, local que não estava mais frequentando.

Uma coisa que me dá nojinho

Há anos que evito o elevador de manhã porque não gosto dos cheiros matinais das pessoas, uma vez que considero cheiros íntimos demais para a gente sentir assim, de gente de quem não tem intimidade.
Pois desde então, subo sempre as escadas, prática que considero não só mais segura e higiênica (eventualmente, a luz acabava aqui na repartição e algumas pessoas já ficaram presas), e me poupei deste tipo de dissabor.
Ocorre que, na manhã de hoje, meu chefe, extremamente parecido com o Sebastian, da pequena sereia, chegava de suas férias, todo animadinho. Lépido, fagueiro, cabelinhos cortados, sorridente como só aqueles que recém chegam de seu descanso podem estar.


Ocorre que Sebastian usava um desagradável perfume, que tenho memória olfativa de conhecer de outros tempos, me parece que alguma fragrância da Natura - e era lógico que essa maldita fragrância se grudou em mim, irremediavelmente. 
Justo hoje que nem passei o meu próprio perfume, pois tinha uma enxaqueca alucinante na noite que passou.

Minha nova estante de livros

Quando eu comecei esse blog em 2005, eu morava na casa de praia da minha família. Era um arranjo que particularmente me desagradava muito, p...